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A Colheita
O início de algo que pode muito bem dar em nada

🌊 Prefácio (microfone check one, two…)
Bem, por onde começar?
Há aproximadamente 4 anos atrás, tive a benção de poder cumprir um dos poucos sonhos que tive, criar o meu próprio site, 100% independente.
E na verdade, foi até incrível que tal tenha sido possível, principalmente sendo fruto de um projecto que começou num telemóvel Samsung de 150 euros (estamos á mais de uma década no futuro, lindo de ver ❤️).
Apesar disso tudo, houve um erro da minha parte. Confundir independência com liberdade. Porque apesar de eu sempre tentar ser o mais transparente possível nos meus projectos, tudo o que os rodeou trouxe nuances que me retiravam a liberdade criativa. E onde estava a resposta para essa frustração para com aquilo que estava a fazer? Sair, ir fazer outra(s) coisa(s).
E acabei por até nem fazer nada!
E tanto nada fiz (tirando mudar de carreira, hábitos, perspectiva e outras coisas poucas) que até voltei a ganhar vontade de fazer coisas novas. Eis aqui o primeiro exercício nessa direção!
O que c@r#lh% é A Colheita?
Bem, ainda bem que perguntam! Acima de tudo, A colheita não é particularmente nada, é uma tela em branco onde eu posso apontar e registar a maneira como vejo o mundo num determinado período de tempo, aquilo que tenho visto, ouvido (ouço demasiada música para não partilhar, portanto esperem uma boa quantidade de música).
Talvez me alongue um pouco sobre este tópico, mas acho importante agora que subscreveram, perceberem a decisão do formato.
Acredito piamente que vivemos em tempos dourados de informação, infelizmente, vivemos também na era dourada da distração e de plataformas agregadoras de conteúdo que decidem algoritmicamente aquilo que a maioria de nós consome de forma passiva. E não há literalmente nada que possamos fazer para o evitar, acreditem em mim, eu tentei. Mas podemos de facto dar passos conscientes em direções opostas a isso? E que melhor ferramenta do que o e-mail? Essa plataforma universal que toda a gente tem, mas que pouco se usa hoje em dia para consumir informação? E que melhor maneira de começar do que ás 3 pancadas, e ir melhorando progressivamente até que fique uma máquina bem oleada e que traga cada vez mais valor a quem decidir receber esta newsletter?
Portanto, onde quero eu chegar com isto?
Eu sou um apaixonado por cultura, sempre fui. E tudo é cultura, não deixem que vos digam o contrário. Tanto tudo é cultura que há mais culturas que coisas culturais, o que é a coisa mais linda sobre isto tudo.
Há um rapper americano, o Shirt, que me pos uma ideia na cabeça há uns tempos:
O que é a cultura? Quanto mais pensava nisso, mais divagava para outros lados: o que é expressão, o que é uma ideia, basicamente pensei muito em liberdade e em tolerância e em como esta guerra de atenção em que vivemos nos está a foder, a tudo e todos. (Divaguei a sério mesmo)
Há outra frase que encaixa bem aqui: Attention is currency in the marketplace of ideias. Esta é daquelas que não se sabe bem de quem é, portanto se alguém perguntar, digam que é minha, mal não há fazer. Acho eu…
Ora, divagando mais um bocado, toda a minha expressão criativa, desde sempre, teve o propósito de trazer algo positivo. E eu assumo que o mais positivo que posso trazer é a partilha.
Há 3 ingredientes que se juntam para a proposta que vou fazer aqui.
Portanto, para quem quiser saber, eu tenho um pedido, deixem-se só explicar os 3 motivos pelos quais o faço:
Primeiro: vivemos numa tirania de atenção e de concentração. Eu sofro tanto disso como todos. Mas quero criar algo que fuja disso. Ou que exista num lugar tão escondido, tão insignificante, que não seja incluido nisso.
Segundo: muito sonhamos nós com o enorme, o lendário e o sucesso. Mas o mais bonito, o mais real e o mais importante é o diário, o que não importa, o que ninguém liga. E eu quero criar algo que faça parte disso, mesmo que ninguém queira saber.
De certa forma, até faz sentido que ninguém queira saber, mas é isso que me leva ao terceiro motivo: há sempre quem queira saber, sejam 3 em 10 ou 1 em mil.
Portanto, eu quero experimentar uma coisa, que vou finalmente explicar agora.
E se eu escrevesse imenso sobre coisas que provavelmente não interessam, para um punhado de pessoas que voluntariamente se ofereciam para receber esses textos?
E que melhor maneira de o fazer do que me alongar sobre variadissimos temas de forma periódica ? Não irei só escrever sobre música, mas uma playlistzinha e umas quantas notas a acompanhar é garantido. Vou falar de filmes, livros, podcasts, ideias, opinião, piadas, tudo, mas sempre a conta gotas. E do benfica, mas muito pouco, prometo 🤞
E que melhor maneira de o fazer do que, periodicamente? Não a cada X dias exatos, mas de surpresa, uma vez por quinzena talvez, ou uma vez por mês, vamos indo e vendo. Tipo aquela publicidade do supermercado que uma pessoa nunca sabe quando vem, mas sabe sempre que eventualmente vem. Mais uma daquelas coisas da qual ninguém quer saber.
E que maneira mais desinteressante de o fazer do que por mail? Um formato de newsletter como aquelas das finanças que uma pessoa só assina pra se sentir responsável. Dessa ideia nasce “A Colheita”, uma newsletter que tenta (e talvez até consiga) trazer um bocado de partilha e de comunhão cultural a quem queira saber.
Num dos formatos digitais mais antigos que há memória, uma tentativa de vos salvar da ditadura das redes modernas e futuristas. E vamos falar de quê? De tudo um pouco na verdade, sem género, sem fórmulas, sem rótulos.
De música intemporal que escreveu o passado; música do presente que cheira a futuro; reflexões sobre o legado tipográfico do hip hop nacional; o porquê do Ninja Assassin ser o melhor filme de ação foleiro que vi desde o Bala Certeira; um unboxing quando comprar as minhas Air Max 1 x Patta Waves Monarch.
80% de conteúdo bem estruturado e algo expectável, 20% de coisas aleatórias que só eu me lembraria, parece-me um bom equilíbrio. Portanto, aqui está a proposta, uma newsletter sem um objetivo, mas que pode acrescentar qualidade a um dia aleatório.
Se algo aqui escrito vos interessar, e acreditem, vou tentar fazer disto algo bonito, nem que sejam só 5 pessoas, inscrevam-se, partilhem, é como quiserem 🙏
“Do a bunch of stuff and let the definition present itself”
🎧️ Na escuta:
Inaugurando as festividades, deixo aqui 15 das músicas que ando a rodar, com alguns apontamentos breves:
FBC - Rap Bom (com Pepito e Djonga) - Ser uma faixa do FBC já é o suficiente pra me conquistar, ter o Pepito nos vocais ainda mais, chamar o Djonga pra mandar um verso daqueles num beat de boom bap com uma guitarrinha blues á mistura? Não preciso de mais nada 😎
Brother Ali & Ant - Cast Aside - Ouvi este álbum inteiro na minha varanda, a apanhar aquele sol de primavera que recarrega o espírito e a pensar: estes gajos tem para aí 30 anos de carreira cada um e ainda estão a fazer alguma da melhor música das suas carreiras. Quando for grande quero ser assim 🥵
Deftones - Error 🔥 (manifestando Primavera Sound 2025)
Isis Hembe & Ikonoklasta - A Missão (com Marta Ren) - 🇦🇴 Continuo a sonhar com um movimento Rap lusófono que cumpra o seu potencial 🇦🇴
Niiko - Dentes De Ouro - Sem Palavras pra isto fds 🌊
Marcelo D2 - Delegado Chico Palha - 🎶 Ele não prendia, sóóó batiiaaaaaa
Slauson Malone 1 - Smile #1 (com Caleb Giles) - Música para ver o nascer do sol, uma energia que merece ser conservada
Matuê - Castlevania - Julguem á vontade, mas sintetizadores 8-bit, 808’s e o Matuê por cima? É malha, certificada 🦇
Abstract Mindstate - A Wise Tale - Eu sei que o Kanye (Ye o crlh seu nazi de merda 🖕) está completamente cozido da cabeça, mas foda-se que esse gajo é um produtor incrível, aqui a fornecer batidas incríveis a um grande grupo do underground de Chicago
Aqui em formato playlist:
🖼️ Na Chapa

Verdadeiramente um privilégio esta vista 😍
Vemos-nos na próxima! Até lá deixo-vos com esta, onde houver vontade, haverá retorno ✌️